Seattle Storm é o grande campeão dentro e fora da quadra
A grande sequência de títulos nos últimos anos não é uma coincidência
Olá amigos, tudo bem?
O Seattle Storm é o grande campeão da temporada de 2020 da WNBA! Na terça-feira, o elenco comandado por Gary Kloppenburg derrotou o Las Vegas Aces com um placar absurdo de 92 a 59 e cravou a terceira vitória na série melhor de cinco da Final para encerrar a disputa.
Breanna Stewart, com média de 28,3 pontos por jogo, foi coroada MVP das Finais, acrescentando mais uma premiação em seu extenso currículo já aos 26 anos. Mas ninguém teve mais atenção naquela noite do que Sue Bird, que saiu de quadra como tetracampeã da WNBA em sua 18ª temporada.
Apesar do incrível sucesso dentro das quadras, existe um fator do lado de fora que contribuiu para que essa franquia conquistasse quatro títulos em três décadas diferentes (2004, 2010, 2018 e 2020). Escrevi sobre esse assunto há dois anos, mas acredito que esse seja um tema que precisa ser reforçado e passado adiante para mais pessoas. Com algumas atualizações, vou postá-lo aqui para vocês.
E mais abaixo também teremos atualizações da Europa, trazidas pela Rébeca Valente!
Um breve aviso!
O Beta Basket está aberto para voluntárixs. Não necessariamente fixo, porque infelizmente eu ainda não posso pagar colaboradorxs, mas isso vai mudar quando a situação se ajeitar por aqui. E quem escrever com mais frequência será contempladx com um League Pass para a temporada de 2021! Isso é uma garantia!
Gostaria de deixar esse espaço aberto para mulheres que estudam jornalismo, são jornalistas ou tem interesse em escrever sobre basquete feminino. Agradeço o interesse de alguns homens, mas prefiro manter esse espaço exclusivo para oportunidades femininas.
Mulheres qualquer raça, identidade de gênero e orientação sexual, por favor, entre em contato comigo no e-mail abaixo falando como gostaria de colaborar.
Ah, se você chegou até aqui, não se esqueça de se inscrever. É muito fácil! Basta clicar em “Subscribe now” e digitar seu e-mail. Desse jeito, toda semana você vai receber a newsletter automaticamente.
Atletas, técnicos, agentes e assessores de imprensa: caso vocês queiram ter algo noticiado na newsletter (que tem na lista de envio jornalistas de grandes veículos e mídias, além de influenciadores), por favor entrar em contato através do e-mail rodrigues.f.roberta@gmail.com.
O título do Seattle Storm e as mulheres que o conquistaram
(publicado originalmente em 17 de setembro de 2018 no The WNBA Hub)
O atual campeão da WNBA passa por um processo de renovação que começou em 2008, quando um grupo de mulheres, fãs do time e parte do programa sócio-torcedor (season ticket holders), decidiram comprar a franquia de Clay Bennett, proprietário do antigo Seattle Supersonics e, até aquele momento, do Seattle Storm. O executivo anunciou que a equipe mudaria para Oklahoma City por questões financeiras, mas uma cidade que abraça o basquete feminino desde os tempos áureos da Washington University não deixaria que isso acontecesse.
Foi nesse cenário que Dawn Trudeau, Lisa Brummel e Ginny Gilder juntaram forças e criaram o Force 10 Hoops, um grupo formado especialmente para assumir o controle completo do time. As três mulheres já acumulavam grande experiência como profissionais. Trudeau e Brummel se conheceram na Microsoft, onde tiveram carreiras de sucesso. Gilder, além de ser conhecida como uma importante atleta do remo na história dos Estados Unidos, era CEO de uma empresa de investimentos.
Juntas, as três executivas criaram um novo modelo de negócios para o Seattle Storm, popularmente conhecido como “The Seattle Storm Way”, e decidiram que a partir daquele momento, a franquia teria um papel social em sua comunidade, focado no empoderamento feminino, indo além do tradicional entretenimento provido por esportes.
O caminho até os resultados de dentro e fora da quadra vistos em 2018 e 2020, porém, não foi fácil.
De 2008 até agora o time passou pelos mais variados momentos e experimentou tanto glórias quanto grandes derrotas. Nos seus primeiros anos, viu resultado logo em sua terceira temporada, quando conquistou seu segundo título da história com um elenco composto por Sue Bird, Lauren Jackson, Swin Cash, Camille Little e Tanisha Wright. Nos anos seguintes, o feito não se repetiu e apesar de mudanças constantes, o cenário não estava nem perto de voltar a ser positivo.
Em 2014, com a recém contratada Alisha Valavanis para a função de presidente da franquia, o Seattle Storm conheceu o fundo do poço: uma campanha de 12 vitórias e 22 derrotas, a pior da temporada (ao lado do Tulsa Shock) e a primeira vez que o grupo ficou de fora dos playoffs desde 2003. Ciente dos nomes que tinha a disposição no draft de 2015, o Force 10 Hoops promoveu Valavanis a general manager. Foi nesse momento que o projeto de renovação teve início.
As mulheres que comandam o Seattle Storm e suas respectivas esposas (Foto: Ginny Gilder, Twitter)
Jewell Loyd e Kaleena Mosqueda-Lewis foram escolhidas na primeira e terceira posição, respectivamente. Loyd vinha da Notre Dame University e Mosqueda-Lewis da histórica University of Connecticut. Em 2016, mais uma seleção no primeiro lugar no draft completou os planos da franquia: Breanna Stewart, quatro vezes campeã da NCAA, parte do elenco que conquistou mais de 110 vitórias seguidas com a UConn e já peça importante da seleção dos Estados Unidos… com apenas 22 anos.
No ano de estreia da era Loyd-Stewart, o Seattle Storm levou sua campanha de um péssimo 29% de vitórias em 2015 para 47% e voltou aos playoffs. Perdeu para o Phoenix Mercury na primeira fase eliminatória, mas fez renascer a esperança de um novo título para a equipe. E apesar de um ano inconsistente em 2017, com 44% de aproveitamento em vitórias, começou a ver resultados dos ideais estabelecidos pelas suas donas em 2008.
O All-Star Game de 2017 consolidou Seattle como uma das principais praças do basquete norte-americano, entre homens e mulheres. A cidade abraçou o evento totalmente, com destaques para a bandeira da WNBA colocada no topo da Space Needle (ponto turístico símbolo do município) durante o fim de semana e estabelecimentos comerciais que se iluminaram com a cor laranja (símbolo da WNBA). Um sucesso que havia sido colocado em dúvida, pois o Storm se posicionou como um conjunto de forte envolvimento político.
Bandeira da WNBA sendo hasteada na Space Needle durante a semana do All-Star Game de 2017 em Seattle
Em 2016, o elenco se apresentou para o aquecimento com camisetas pretas exibindo uma frase de Martin Luther King Jr, com objetivo de demonstrar apoio ao movimento Black Lives Matter, contra a violência policial a negros. Além, claro, de um forte discurso de Breanna Stewart sobre igualdade de gênero na cobertura esportiva da mídia quando aceitou o prêmio de Best Female Athlete no ESPYs. Em 2017, uma semana antes do All-Star Game, o Force 10 Hoops tomou a decisão ousada de apoiar publicamente o Planed Parenthood, instituição focado na saúde de mulheres de baixa renda, através de um jogo no qual parte da renda dos ingressos foi doada para a causa. E antes de tudo isso, em 2013, o Seattle Storm foi a primeira franquia a promover um Pride Game, noite especial para celebrar a comunidade LGBTQ+, hoje uma iniciativa apoiada oficial por toda a WNBA.
Toda essa presença política levantou dúvidas sobre a continuidade do sucesso de público do time, uma vez que os Estados Unidos passam por um momento conturbado em questões sociais. Mas 2018 mostrou que não havia motivos para qualquer preocupação.
Na temporada que terminou com o Seattle Storm campeão, o legado da equipe do estado de Washington não se resume apenas no título. Em um breve (muito breve) resumo, Breanna Stewart foi MVP da temporada e das Finais, atingiu a marca de 2 mil pontos, bateu o recorde de Lauren Jackson de maior pontuação em uma temporada regular na franquia… tudo isso enquanto ainda influenciava seus fãs a votarem nas primárias estaduais dos EUA; Sue Bird se tornou a líder em assistências da história da liga, a jogadora com mais partidas na WNBA, entrou para a lista de 6 mil pontos na carreira… e posou para a ESPN Body Issue com sua namorada, Megan Rapinoe, se tornando o primeiro casal LGBT a ser publicado na revista. Alysha Clark ganhou o prêmio WNBA Cares Community Assist Award em julho e foi titular em todas as partidas, Natasha Howard foi nomeada a Most Improved Player, além do conjunto completo ter emplacado sua melhor campanha de todos os tempos com 26 vitórias e 8 derrotas (76% de aproveitamento, 47% maior do que em 2015).
O Seattle Storm provou que uma equipe pode ser comandada por mulheres, ser ativa politicamente e ainda assim conquistar títulos de maneira triunfal. Mas não acredita que está na hora de parar, muito menos se silenciar. Sue Bird afirmou que não espera um convite da Casa Branca, como é de costume, para ser parabenizada pelo presidente. Em todo caso, se for convidada, já deixou subentendido que não vai. E toda essa liberdade de expressão começou lá em 2008, quando três mulheres, fãs de basquete e cientes da responsabilidade que uma equipe feminina tem em sua comunidade, decidiram que era hora do jogo virar… dentro e fora de quadra.
Agora, em 2020, dois anos depois do terceiro título da franquia, o Seattle Storm conquistou mais um troféu, Sue Bird bateu seu próprio recorde de assistência, Breanna Stewart foi escolhida MVP das Finais, uma nova geração está sendo formada com Jordin Canada e não há sinal de a dominante vai parar.
Notícias do Velho Continente, por Rébeca Valente
Liga portuguesa
Como reportado na última newsletter, a Liga Portuguesa teve início do dia 03 de outubro. A terceira rodada começa no sábado, e aqui está mais um resumo do rendimento das equipes com jogadoras brasileiras.
GDESSA Barreiro (Jennifer Nonato e Aline Moura): a equipe perdeu o primeiro confronto contra o VITÓRIA SC por 54-63, Jennifer foi a cestinha do jogo com 15 pontos, seguida por Moura com 12 pontos. O jogo da segunda rodada foi adiado pois o adversário, CB Queluz, encontrava-se em quarentena profilática.
QUINTA DOS LOMBOS (Raphaella Silva): o time da cidade de Carcavelos, começou com uma derrota para o SL BENFICA por 63-76, a brasileira anotou 19 pontos, já pela segunda rodada o Quinta venceu o GALITOS/CLÍNICA DR SEMBLANO por um placar esmagador de 76-41, com a brasileira anotando 21 pontos.
VITÓRIA SC (Barbara Sousa): o grupo venceu os seus dois primeiros jogos, com a brasileira marcando 10 pontos contra o Gdessa Barreiro de Jennifer Nonato e 8 pontos contra o CPN-IMOPARTNER.
UNIÃO SPORTIVA (Gabriela Guimarães): seu começo foi vitórioso contra o CAB MADEIRA por 87 a 82 e com Guimarães marcando 6 pontos, mas a equipe teve seu segundo jogo, contra o Guifões SC, adiado. As adversarias da brasileira receberam resultados positivos pra Covid-19 e o encontro será remarcado.
GALITOS/CLÍNICA DR SEMBLANO (Aruzha Lima): o time ainda não conseguiu vencer uma partida na Liga Skoiy, mas a curitibana marcou 11 pontos no primeiro jogo e 2 pontos no segundo.
Todas as brasileiras retornam as quadras no domingo, dia 11.
Turquia
Clarissa do Santos encontrou em quadra no dia 7 de outubro para uma partida do campeonato turco contra o Elazig ll Ozel Idare, marcou 4 pontos e precisou sair do jogo devido uma colisão no rosto. A ala/pivô avisou através da sua conta no Instagram que havia quebrado o nariz e que precisaria passar por uma cirurgia. No dia seguinte, a conta oficial do time noticiou que Clarissa já passou pelo procedimento e se encontra bem. Desejamos melhoras para atleta.
(o Izimit está invicto no campeonato)