A primeira rodada da WNBA, brasileiras na Europa e Breonna Taylor
Muita coisa aconteceu nesse primeiro fim de semana...
Queridos amigos,
Bem-vindos à segunda edição do Beta Basket, a sua newsletter de basquete feminino. Hoje é terça-feira, o que significa que está na hora de receber notícias na sua caixa de entrada. Mas antes de darmos início à conversa, você sabe o por quê de eu ter escolhido esse dia da semana?
As rodadas da WNBA começam sempre às terças-feiras, e eu quero que você esteja preparado para quando a bola subir. Isso mesmo, tudo aqui é meticulosamente pensado para que o leitor tenha a melhor e mais proveitosa experiência acompanhando esse campeonato.
Não devemos esquecer, porém, que não é só de WNBA que vive o basquete feminino. Nesta edição, além de atualiza-los sobre a liga norte-americana, vou trazer uma lista de jogadoras brasileiras que vão atuar no exterior nessa próxima temporada.
Importante: Leia a newsletter até o final. A partir de hoje vamos ter a sessão “Superlativos da Rodada”, com as estatísticas e o que aconteceu de melhor e pior nos jogos da semana anterior.
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Fim da introdução, vamos ao que interessa…
NOVIDADES DAS BRASILEIRAS
Nadia Colhado foi confirmada no Lointek Gernika Bizkaia (Espanha)
Clarissa dos Santos sai da França e agora faz parte do Izmit Belediyespor (Turquia)
Débora Costa parte para o poderosíssimo Lula Basket (Suécia)
Alana Gonçalves fará parte do elenco do La Salle Melilla (Espanha, segunda divisão)
Essa lista será atualizada cada vez que recebermos novidades!
WNBA
Organizar um campeonato não é algo fácil e muito menos prático. Fazer com que isso aconteça em meio a uma pandemia global e com ações voltadas para justiça social executadas impecavelmente é realmente impressionante. A WNBA se superou e merece esse reconhecimento.
Para nós, que vemos a “bolha” do lado de fora, não há muito do que se reclamar. Os protocolos estão sendo seguidos à risca, atletas estão sendo testadas diariamente, qualquer pessoa (independente da função) que chega na IMG Academy está passando pelo mesmo processo de quarentena que as jogadoras, e os problemas que surgiram em um primeiro momento parecem ter sido resolvidos.
O cenário, porém, ainda não é ideal. É necessário ter a consciência de que a disparidade na estrutura que a WNBA pôde montar é muito grande diante do que a NBA está colocando em prática. Convenhamos, a liga masculina tem o luxo de se preocupar em montar barbearias móveis para os jogadores poderem manter vaidades. A feminina sequer tem suporte para as mães que tiveram que levar seus filhos para a bolha, não só para não ficar longe da família por três/quatro meses, mas porque até o simples ato de encontrar uma babá está difícil no atual cenário.
Não podemos deixar de nos atentar e cobrar o que é justo para as atletas. Sim, a parte do entretenimento é ótima e a alienação saudável chega a ser uma necessidade em um momento como esse, porém não pode virar desculpa para um retrocesso na mentalidade progressista.
O novo acordo financeiro entre a WNBA e a WNBPA (associação de atletas) traz alguns pontos que não serão tão cruciais esse ano. Por exemplo, a necessidade de melhora na experiência de viagens de um jogo para o outro em cenários normais. Nenhuma franquia pode alugar jato particular, não importa o quanto de dinheiro eles tenham. Todas são obrigadas a voar um nível abaixo da classe executiva em voos comerciais. Isso já causou atrasos e até acarretou em equipes perdendo partidas devido a problemas com companhias aéreas.
É para isso que eu estou aqui, meus amigos. Para lembra-los que o basquete feminino vai muito além do que se passa em quadra. E é com essa deixa que começo a próxima parte da newsletter.
“SAY HER NAME” #BREONNATAYLOR
(peço desculpas e quero que me corrijam, por favor, caso eu fale algo ou use algum termo errado)
Na madrugada do dia 13 de março, três policiais arrombaram a porta do apartamento de Breonna Taylor, uma jovem negra, enquanto ela e seu namorado, Kenneth Walker, também um jovem negro, dormiam. Assustados com o barulho, ambos acordaram e Walker, que achava que estavam sendo assaltados por bandidos, disparou um tiro contra os invasores.
Os policiais atiraram de volta inúmeras vezes. OITO dos tiros foram disparados contra Breonna Taylor, paramédica de uma sala de emergência de um hospital em Louisville (KY). Sem passagem por polícia, histórico de crime ou má reputação, a jovem perdeu a vida aos 25 anos como consequência da violência policial gerada pelo racismo estrutural.
Infelizmente esse não é o único caso de uma pessoa negra inocente morta por autoridades através do uso inexplicável de excesso de violência. Segundo dados do Washington Post, a polícia norte-americana mata em torno de mil pessoas por ano, e apesar de o número bruto de vítimas brancas ser maior do que o de negrxs e latinxs, a porcentagem mostra onde o real problema mora.
A população dos Estados Unidos é majoritariamente branca (61%), seguida por latinxs (18%) e negros (13%). Mesmo assim, a taxa de morte por violência policial prova a difícil realidade de que negros e latinos são mortos quase duas vez mais do que brancos, como mostra o gráfico abaixo.
Traduzindo: uma pessoa branca tem mais da metade das chances de um negro ou latino de não ser morta por um policial.
Os Estados Unidos implodiram com protestos contra a violência policial para com negros. Os dois principais nomes gritados pelas pessoas nas ruas são o de George Floyd e Breonna Taylor. As jogadoras da WNBA, já conhecidas por seu ativismo, chegaram à conclusão de que deveriam usar seu papel de influencia para trazer consciência sobre esse grande problema estrutural e, quem sabe, uma solução.
Em todos os jogos executados nessa primeira rodada as atletas saíram de quadra durante o hino nacional, fizeram 26 segundos de silêncio (idade que Breonna Taylor teria hoje se estivesse viva), falaram sobre o problema do racismo nos EUA e usaram uma faixa com o nome de Breonna na parte de trás das camisas. Essa última ação seguirá pelo resto da temporada, assim como o uso de camisetas de aquecimento providenciadas pela Nike com os dizeres “Say Her Name” e “Black Lives Matter”.
A WNBA também criou a plataforma “The Justice Movement”, com o objetivo de ampliar as vozes das atletas por justiça social, e um WNBA/WNBPA Social Justice Council (Conselho de Justiça Social), para que as jogadoras tenham mais um canal em que possam cobrar ações e responsabilidade por mudanças estruturais através dos canais da liga.
Empatia e altruísmos sempre foram marcas registradas da WNBA. Vamos abordar esse lado com muita frequência nessa newsletter, apesar de pararmos por aqui hoje, porque o aprendizado é de passo em passo.
SUPERLATIVOS DA RODADA
Melhor partida: Chicago Sky x Las Vegas Aces
Maior pontuadora: Monique Billings, 30 pontos (Atlanta Dream)
Maior reboteira: Sylvia Fowles, 18 rebotes (Minnesota Lynx)
Maior assistente: Courtney Vandersloot, 11 assistências (Chicago Sky)
Melhor performance individual: Monique Billings, 30 pontos e 11 rebotes contra Dallas Wings.
Melhor performance em equipe: Los Angeles Sparks, 99 a 76 contra o Phoenix Mercury.
Surpresa da rodada: Angel McCoughtry voltando em uma de suas melhores formas depois de uma temporada sem jogar devido a uma lesão no joelho.
Decepção da rodada: Phoenix Mercury quase completamente importante diante do Los Angeles Sparks.